10 músicas sobre racismo e orgulho negro para você ouvir agora
As canções passeiam por diferentes estilos e propõem reflexões diversas. Entre elas, exaltação das raízes africanas, relatos do cotiano nas favelas, denúncias de racismo e celebração da identidade negra.
O período colonial-escravocrata deixou o racismo como uma de suas maiores e mais dolorosas heranças. Sabendo que o País é formando uma maioria de pessoas que se declaram pretas ou pardas, você pode refletir por uns minutos antes de responder as seguintes perguntas: Quantos pessoas negras trabalham com você? Quantos negros frequentam ou frequentaram o mesmo curso universitário que o seu? Você já teve um chefe ou uma chefe de pele preta? Quantas pessoas negras você viu na última vez que você foi ao seu restaurante favorito (sem contar aqueles que estavam prestando algum tipo de serviço)? Esse é um exercício bom para se entender o tamanho da desigualdade racial existente no Brasil. Você prefere sinais mais exatos? Sem problemas.
Nos últimos anos, a desigualdade social relacionada a etnia diminuiu por aqui. Isso poderia ser considerado uma boa notícia caso a situação do negro na economia brasileira não permanecesse lastimável em relação ao branco.
Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) com a Fundação João Pinheiro (FJP) e com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) divulgado em maio de 2017 aponta que a renda média dos negros ainda é metade da dos brancos. Isso mesmo, metade. Outra dado importante para dimensionar a condição do negro no Brasil foi divulgado em junho do ano passado no relatório final da CPI do Senado sobre o Assassinato de Jovens. O documento revelou que todo ano, 23.100 jovens negros de 15 a 29 anos são assassinados. Ou seja, um jovem negro é assassinado no Brasil a cada 23 minutos.
DJONGA
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A música brasileira só existe como tal por causa dos negros, assim como a nossa sociedade. O país, como se sabe, foi erguido sobre a escravização e consequente submissão das pessoas negras sequestradas da África, que lutaram contra essa opressão com as mais diversas armas. Entre elas, a música.
Do jongo ao samba, do rap ao funk, a música sempre foi, e continua sendo, uma maneira de resistir e se opor ao sistema racista de ontem, hoje e sempre. Por isso encontramos nos mais diferentes estilos e em diferentes épocas exemplos de resistência, combate ao racismo e orgulho negro.
A luta se faz necessária, e é por isso que mostraremos a seguir algumas armas dentro da música.
Racionais MCs – Racistas Otários
“O sistema é racista cruel Levam cada vez mais Irmãos aos bancos dos réus Os sociólogos preferem ser imparciais E dizem ser financeiro o nosso dilema Mas se analizarmos bem mais você descobre Que negro e branco pobre se parecem Mas não são iguais”
Gilberto Gil – A Mão da Limpeza
“Mesmo depois de abolida a escravidão Negra é a mão De quem faz a limpeza Lavando a roupa encardida, esfregando o chão Negra é a mão É a mão da pureza”
BIGBLACK – DESTINO
“Eu ouvi os tiros, mano eu sou escuro então vocês não viram Pouco se preocupam, deve ser bandido Não é vitimismo Não evite-me, não não, sempre há muitas vítimas no camburão Sempre alegam resistência à prisão Nesse jogo sujo, sistema vilão Se é sangue de preto derramado, pouco te comove Porque o que te move é somente o cifrão”
Negro Drama – Racionais Mc’s
“Você deve tá pensando O que você tem a ver com isso Desde o início Por ouro e prata Olha quem morre Então veja você quem mata Recebe o mérito, a farda Que pratica o mal”
Djonga – Olho de Tigre
“Um boy branco, me pediu um high five Confundi com um Heil, Hitler Quem tem minha cor é ladrão Quem tem a cor de Eric Clapton é cleptomaníaco Na hora do julgamento, Deus é preto e brasileiro”
Sorriso Negro – Dona Ivone Lara
“Negro que já foi escravo Negro é a voz da verdade Negro é destino é amor Negro também é saudade..”
Taiguara – Negróide
“E do meu canto Nasce, cresce, vence minha esperança Deixa eu cantar… Quando eu canto sou mais negro, sou mais forte Tenho a vida e tenho a morte Liberdade, se ela é branca eu tenho o que eu quis”
Jorge Ben – Negro É Lindo
“Negro é lindo Negro é amigo Negro também é Filho de Deus Eu só quero que Deus me ajude A ver meu filho Nascer e crescer E ser um campeão”
RASHID – “A Cena” (part. Izzy Gordon)
“No set, 4 mano em pé com a mão pra trás E 3 gambé que eu já nem sei se são humano mais O time. O relógio aponta madrugada O crime? Lugar errado, na hora errada Define, um dos mano quando perguntado Lembra dos filme: “quero ver meu advogado!””
Gueto Ao Luxo – Karol Conka
“Calma, não se assuste eu vim do gueto, tô no luxo Ao som de preto eu vô com tudo No meu jogo eu sou o principal vencedor Do gueto ao luxo”
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A presente iniciativa tem o objetivo preservar o patrimônio arquitetônico e cultural de Morro do Chapéu, impedindo a venda de lotes em frente à capela de Nossa Senhora da Soledade e do casarão, residência, do Coronel Dias Coelho, como está sendo o desejo dos atuais proprietários e com isso estimular o poder público municipal a tomar a iniciativa de fazer o Tombamento e desapropriação para utilidade pública.
O historiador Moiseis de Oliveira Sampaio, no artigo ‘O parque da Soledade em Morro do Chapéu’ esclarece ‘patrimônio histórico’ e contextualiza. Leia abaixo:
“Entende-se como patrimônio histórico os bens produzidos com finalidades especificas, culto, moradia, que tem valor histórico, na medida em que evoca à memória social eventos, personalidades ou grupos que se notabilizaram em um determinado lugar. As obras de arte, imagens sacras e construções. Contam histórias de um povo ou um lugar, e, principalmente as casas onde personalidades viveram e atuaram, contam e fazem parte da trajetória histórica de um povo.
Em Morro do Chapéu, muito ainda há para ser contado, a atual cidade, foi fruto de uma das primeiras fazendas de gado do interior baiano, com origens remontando a 1695, ainda no século XVIII, uma pequena povoação se formou em torno da capela de Nossa Senhora da Graça de Morro do Chapéu concentrando moradores da região que constavam escravos, trabalhadores livres e fazendeiros , era na época uma importante região de cria e recria de gado para abastecer o recôncavo e a zona administrativa da capital de carne com o gado criado no sertão da Bahia e vindos do Ceara e Piaui.
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O desenvolvimento da região se deu em fins de meados a fins do século XIX, a descoberta de diamantes e carbonatos na região potencializou o crescimento local, e o pequeno arraial de Nossa Senhora da Graça de Morro do Chapéu começou a se notabilizar. Uma elite mineradora se estabilizou no lugar, e diferente do que acontecia em outros lugares no mesmo período, para o Morro do Chapéu, está nova elite era formada por negros e mestiços, que enriqueceram com o comercio de pedras preciosas e tomaram o poder politico na região, dentre eles, o notável Coronel Francisco Dias Coelho.
Pesquisas recentes dão notícia da importância para o estado da Bahia do coronel negro, único em seu tempo a se tornar comandante da 174 brigada de Infantaria da Guarda Nacional, e décimo homem mais rico da Bahia. O que lhe torna peculiar é a sua origem, netos de escravos, filho de uma família negra no sertão da Bahia, que para fugir da indigência foi adotado por um pequeno comerciante local. Enriqueceu, e se tornou coronel, chefe político e exímio administrador publico, para além de administrar os seus próprios bens também soube modernizar a cidade.
Ainda no início do século XX, quando a ciência eugênica preconizava a inferioridade biológica dos negros, Dias Coelho implantou um plano de alfabetização da região, reformulou urbanamente a cidade de morro do Chapéu nos moldes franceses, antecedendo Salvador (capital baiana) Rio de Janeiro (capital federal), e se equiparava às metrópoles europeias, embora a pequena cidade do interior baiano fosse um fração das cidades citadas.
Foto: Welton Matos / WM News
O centro físico do seu poder era a sua residência localizada em Morro do Chapéu, logradouro denominado Parque da Soledade. Nesta residência, que era uma das suas muitas propriedades tanto em Morro do Chapéu quanto em outros lugares, o Coronel Dias Coelho fazia suas reuniões politicas, comemoravam as festas populares, com a presença da orquestra filarmônica que ele mesmo fundou, e realizava as comemorações de São Benedito, imagem simbólica para um coronel negro que dominava a elite branca, com o apoio da população negra, caso único e que ainda necessita de maiores pesquisas.
No inventario post mortem do Coronel Dias Coelho a casa é descrita como: pertencente ao parque da Soledade com nove janelas de frente, entrada lateral com quintal de murado, e parte cercado de arame, avaliada em cinco contos de réis. Também estava localizado no parque da Soledade e pertencente ao Coronel Dias Coelho um alambique com uma porta e oito janelas de frente, quintal murado e cerca de arame tendo de frente quatro e de largo sete metros, valendo três contos de réis.
O logradouro denominado Parque da Soledade era ainda composto por uma capela que abriga até hoje a imagem de Nossa Senhora da Soledade, esta construção não consta entre os bens do Coronel Dias Coelho, tanto a capela quanto a imagem foram, mencionados pela viúva que a intenção era de construir uma igreja, entretanto, o projeto do coronel não se concretizou ficando apenas a capela e o esquife de vidro que serve de sacrário para a Imagem da santa, localizado ao lado da casa, sem, no entanto pertencer à propriedade.
O Parque da Soledade é o último remanescente do projeto urbanístico, instituído na Lei 31 de 1911, neste projeto, como dito acima, detalhava o projeto urbanístico da cidade, caracterizada por ruas retas e largas, e com a preocupação com a construção das casas, para que os “miasmas” não se proliferassem produzindo doenças na cidade.
A residência do Coronel Dias Coelho, é ainda hoje a única construção da cidade que ainda preserva o seu aspecto original, a altura das paredes, das janelas e das portas obedecem ao projeto original da cidade, quando a cidade era uma das mais desenvolvidas do interior da Bahia. Ainda que mais de um século tenha se passado, as reformas posteriores não descaracterizaram a construção, sendo considerada uma relíquia histórica e, portanto, patrimônio histórico do povo do Morro do Chapéu, e consequentemente da Bahia.
Mesmo com o racismo estrutural, ocorrido nas décadas posteriores ao falecimento do Coronel Dias Coelho, com o apagamento sistemático da memoria local, trocando nomes de ruas e praças, renomeando escolas até que nos anos 90 do século XX, fosse um ilustre desconhecido na cidade, o parque da Soledade sempre foi um espaço de visitação e manutenção da memória local.
O desaparecimento deste lugar, graças a especulação imobiliária recente , não é somente a demolição de uma casa antiga, ou o desaparecimento de uma área de visitação e lazer da população, também é o apagamento da memoria , o fim do patrimônio visual histórico, do mais importante chefe politico negro da Bahia, que teve importantíssimo papel na politica e sociedade baiana, e que representou, como poucos, a possibilidade de que negros e pobres o são pelo nascimento, mas não estão condenados a sê-lo até a morte. A manutenção do parque da Soledade é vital para a existência da memoria histórica de Morro do Chapéu”. Moiseis de Oliveira Sampaio – Historiador/UNEB – Mat. 74426902-5
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