De violência obstétrica, o guri quase morreu; o guri e sua mãe. Ela, em estado constante de quase morte nos anos seguintes, esteve a ver morrer o guri, por diversas vezes. Um homem comum, desses que são espremidos e oprimidos, deita-se e acorda sob a espreita das mortes. Quase morte constante, “mortesísifa”. A morte é plural, faca moral, afiada em “bons costumes”, ideologicamente gestada em tubos de ensaios fascistóides. A morte é Josef Mengele [1], diante de judeus objetificados. A morte tem anjos, fieis seguidores, arranjos da morte, como Mengele, em Auschwitz.
A morte que elimina fisicamente não interessa ao mercado da morte. Sim, a morte tem um preço, uma espécie de cotação na bolsa de volares. A morte é, portanto, um bem. A morte regula o preço do petróleo, a explosão das ações da Pfizer [2], o preço do pão. A morte tem um mercado. O leitor atento dirá: mas se a vida biológica não interessa, qual o vínculo com as ações da Pfizer? Ao que eu responderia: a Pfizer só existe, na forma como existe, por que tem o “deus mercado” como pai eterno, signatário da morte, gestor do neoliberalismo, o grande ceifador das liberdades, sob o manto da “livre iniciativa”. E é nisso que reside a força do mercado da morte: precisamente sob o falso apreço pela liberdade, esconder que é sobre a morte que se reúnem seus abutres dirigentes em mesas fartas; sem a narrativa – ideologicamente orquestrada – de que somos incapazes de repetir o “sucesso” dos abutres, eternos perdedores, numa corrida em que eles inventam as regras e tocam as rédeas, o mercado da morte entraria em colapso.
Nascemos quase mortos, de mães quase mortas. Vivemos? Quase. A mortesísifa, cotidianamente, tira-nos a sanha da vida e exige o eterno recomeço. É a criança sempre esperança, na impossibilidade eterna de esperançar.
A UNESCO, a USAID, a PREALC apresentaram as “metas”, e o Estado disse: meta! [3]. Controle de natalidade e grade curricular. É preciso controlar, por isso a grade. Deram a pílula, mas o guri nasceu. Deram porrada, mas o guri se manteve firme. Mas não se resiste a tentação da grade. O guri sucumbiu perante o Pato Donald e um tênis a Nike – do desejo do fruto prometido, mas sempre proibido. E se Platão apresenta o desejo como uma espécie de eterna ausência do objeto desejado, somos a representação platônica do capitalismo tardio, que sempre espera ser, que rasteja, quase morto, desejoso da morte, sísifos retroagindo ao esgoto, quando nos é oferecido, com a benevolência dos abutres, a esmola moral, a baba da casa-grande.
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Segue, a passos largos, a morte. Todo homem e toda mulher, desejosos da vida, com os pés na mâe-terra, são inimigos da morte, do caráter ideológico da morte. Ela vai rastrear os ideólogos da vida, na judeia ou em plena capital fluminense, com um tiro naquela mulher negra, aqui, aonde pelas ideologias da morte não nos reconhecemos como latino-andino-americanos. A morte só pode ser eficaz em homens e mulheres que não existem. O mercado da morte financia consumidores que detestam vida, que não sabem o que significa alteridade, que só existem na sua insignificância, vida vã e besta, morte norteada, “euroantropecentrada”, “dessuleada” vida, miúda, de escravagismos estético e intelectual, uniformes, grade nacional comum curricular, bestificados, expostos com valor de morte.
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A Luta dos Professores na Defesa dos Direitos foi o tema central da última edição da AgendaMIC, terça-feira, 23/03. O bate-papo virtual aconteceu a noite e foi transmitido na Live do Léo. Veja como foi a conversa assistindo o vídeo abaixo.
A 3ª edição da AgendaMIC na Live do Léo, apresentada por Welton Matos – autor da Agenda, convidou a Professora Lilian Maria, Coordenadora da APLB – Associação dos Professores Licenciados da Bahia que manifestou a sua insatisfação com a forma como os direitos da classe de professores estão sendo tirados mesmo que tenham sido conquistados com muita luta pela instituição que tem mais de 85 anos.
Lilian relembrou alguns momentos na trajetória de luta dos professores de Morro do Chapéu. Veja a seguir.
ENTENDA A ATUAL SITUAÇÃO DOS PROFESSORES QUE TIVERAM SEUS DIREITOS TIRADOS PELA PREFEITURA DE MORRO DO CHAPÉU.
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—–O que está acontecendo com a classe de professores do Morro do Chapéu é o seguinte:
Em Janeiro circulavam boatos que a gestora iria mexer nos salários, pois segundo ela, ganhamos rios de dinheiro.
A APLB então solicitou reunião onde a gestora [Juliana Araújo, PL] garantiu que eram apenas boatos.
Não foi. [E o] pagamento de janeiro [veio] com desconto. Ao ser questionada mais uma vez, alegou que estávamos recebendo vantagem em cima de vantagem, gerando um efeito cascata.
Mais uma reunião foi feita: comissão do FUNDEB, advogados das duas partes, professor de matemática para mostrar os cálculos, e ela [Juliana] simplesmente irredutível continua com os descontos, não considerando a progressão da classe (calculando o salário atual pelo salário base de 11 anos atrás. Ao invés de calcular sobre nossas gratificações);
O plano de carreira do magistério está em vigor desde 2010, após incansáveis dias de lutas para aprovação… rasgado e jogado no lixo por uma gestora que parece desconhece-lo.
Em fevereiro e março [a] pressão sobre os funcionários em cargos comissionados, ordenando que não participassem dos movimentos ou compartilhassem nada referente a isso; inclusive saíssem do grupo da APLB;
Muitos funcionários públicos estão intimidados com a postura da atual gestão [Juliana Araújo, prefeita de Morro do Chapéu-BA]: perseguidora, autoritária, arrogante e desconhecedora dos direitos que regem a nossa lei”.
– TEXTO DE AUTORIA DE ALGUNS PROFESSORES DO MUNICIPIO DE MORRO DO CHAPÉU publicado no facebook. —-